Do arquivo médico
A dor é uma parte normal da vida: um joelho esfolado, uma dor de cabeça tensa, uma fratura óssea. Mas às vezes a dor torna-se crônica - um problema a ser explorado com seu médico. O médico pediu a Eduardo Fraifeld, MD, presidente da Academia Americana de Medicina da Dor, que ajudasse os leitores a entender a dor aguda versus crônica.
Como você explica aos pacientes a diferença entre dor aguda e crônica?
Dor aguda é dor normal que avisa que você foi ferido, diz Fraifeld. "Quando você quebra a perna, quando bate o polegar com o martelo, quando coloca a mão no prato quente e se queima é uma boa dor". Ele lhe diz que você tem uma lesão". Quando você toca nesse prato escaldante, seu corpo reagirá imediatamente e você arrancará sua mão.
A dor aguda começa de repente e geralmente não dura muito tempo. Quando a lesão cicatriza, a dor cessa. Por exemplo, uma perna quebrada vai doer durante a recuperação, mas "com o passar do tempo, ela melhora cada vez mais", diz Fraifeld.
Com a dor crônica, "a própria dor se torna uma doença", diz Fraifeld. "Quando a lesão cicatriza e você continua tendo dor além do tempo de recuperação esperado, isso é dor crônica".
A dor crônica dura semanas, meses, até mesmo anos. Geralmente, ela é diagnosticada após três a seis meses de dor. Em alguns casos, a dor vem e vai. Com a dor crônica, às vezes o sistema nervoso é alterado, tornando-o mais sensível à dor. Como resultado, as sensações dolorosas podem ser mais severas e durar mais.
Existem algumas condições médicas que causam dores crônicas?
Sim, algumas doenças crônicas causam dores crônicas. "A artrite é o exemplo mais fácil que posso imaginar", diz Fraifeld. Câncer, diabetes e fibromialgia são outras doenças que podem causar dor contínua.
Os médicos podem sempre encontrar a causa da dor crônica?
Não. Em uma minoria de casos, a causa não é clara. "Há casos em que você simplesmente não consegue chegar a um diagnóstico absoluto", diz Fraifeld.
Quando os pacientes devem falar com seu médico sobre dor?
Informe seu médico se a dor durar mais do que razoavelmente esperado. Algumas diretrizes definiram "dor crônica" como dor que dura mais do que 3-6 meses, mas Fraifeld chama essas definições de "arbitrária".
Sempre que a dor durar mais do que o razoavelmente esperado, é crucial tratá-la para evitar que se transforme em dor crônica, diz ele. Por exemplo, um pequeno corte ou queimadura normalmente não causaria dor após um mês; se causar, chame seu médico em vez de esperar por três meses.
Pessoas com distúrbios que causam dor crônica também devem falar com seus médicos sobre tratamentos que proporcionam alívio ou os ajudam a lidar com a dor. Os tratamentos incluem analgésicos e outros medicamentos, acupuntura, biofeedback, treinamento de relaxamento, hipnose, técnicas de distração e estimulação elétrica transcutânea dos nervos. Com este último método, os pacientes usam um dispositivo TENS para passar uma leve corrente elétrica através da pele a fim de reduzir a dor.
Quando um paciente deve procurar um especialista em dor?
"A maior parte da dor não é tratada por especialistas em dor, ela é tratada por médicos de cuidados primários", diz Fraifeld. Esse é o ponto de partida adequado, diz ele; muitos médicos de cuidados primários são capazes de tratar a dor com sucesso. Entretanto, se seu médico de atendimento primário não for capaz de diagnosticar a causa de sua dor, não estiver familiarizado com seu tipo de dor, ou não tiver certeza de como tratá-la, solicite o encaminhamento a outro médico que tenha experiência com seus sintomas ou doença específicos.
A maioria dos pacientes com dor não precisa consultar um especialista em dor. Mas se a dor durar muito mais do que o esperado, ou se seu médico ou especialista de atendimento primário não tiver sido capaz de tratar sua dor crônica satisfatoriamente, pergunte se o encaminhamento a um especialista em dor ajudaria, diz Fraifeld.
"[Pacientes] devem ir a um médico especificamente treinado em dor", acrescenta ele. Dessa forma, eles receberão um exame médico para diagnosticar seu problema, bem como um tratamento adequado da dor. Normalmente, estes especialistas em dor vêm das áreas de neurologia, anestesia, psiquiatria, medicina física e reabilitação, de acordo com Fraifeld. Em seguida, eles passam por treinamento adicional em medicina da dor.
O que evitar? Clínicas da dor, muitas vezes dirigidas por não-físicos, que oferecem injeções ou outros tratamentos sem antes fazer um exame completo para fazer um diagnóstico médico. "Infelizmente, a propensão para isto está aumentando em todo o país", diz Fraifeld.