Por Joan Raymond Do arquivo médico
Nem todos os avanços científicos começam com uma grande idéia. Às vezes, é apenas uma questão de estar no lugar certo, na hora certa e fazer as perguntas certas.
Quando o cientista do MIT Phillip Sharp, PhD, começou a estudar a estrutura de algo chamado adenovírus - eles causam os farejos e espirros do frio comum - ele nunca pensou que iria mudar completamente a forma como entendemos nossos genes, aqueles pequenos pedaços de código humano que são feitos de DNA.
Os genes têm fascinado os cientistas desde que Gregor Mendel passou anos em um jardim cultivando ervilhas doces no século 19. Essa jardinagem, e o implacável registro que Mendel fez do que aprendeu através dela, deu uma idéia do que herdamos - nas pessoas, são traços como cabelos encaracolados ou olhos azuis que recebemos de nossos pais.
Também levou à compreensão de que nossos genes atuam como uma espécie de livro de receitas, fornecendo as receitas para fazer proteínas, que ajudam nosso corpo a trabalhar.
Embora tenhamos aprendido muito sobre nossos genes nos últimos 200 anos, os cientistas modernos ainda têm muitas perguntas.
A forma das coisas que estão por vir
Nos anos 60 e 70, quando a Sharp era uma jovem pesquisadora, a ciência foi preparada para novos avanços na genética. E com um doutorado em química, Sharp quis explorar ele mesmo os genes. Então, ele mergulhou.
O que veio em seguida foi um momento de descoberta.
Quando um gene é ativado, ou "ligado", toda a informação que ele contém se transforma em uma proteína, que faz um trabalho específico. O pensamento na época era que todos os genes, incluindo os dos chamados organismos superiores -- como os dos seres humanos -- pareciam e agiam desta forma.
Esse pensamento estava prestes a mudar.
Um Farejador Inicia uma Revolução
A estrutura genética dos humanos era algo sobre o qual a Sharp queria respostas durante anos.
Ele decidiu concentrar-se no adenovírus causador de espirros, que, por causa de sua estrutura simples, era ideal para o estudo. Sharp queria saber onde os diferentes genes estavam localizados nele. Ele acreditava que isto poderia dar aos cientistas mais informações sobre a evolução.
Os especialistas estavam convencidos de que mais conhecimento sobre como a genética evoluiu poderia responder a qualquer número de perguntas médicas.
Sharp não estava sozinho. Richard Roberts, PhD, também estava pesquisando genética no Laboratório Cold Spring Harbor em Long Island, uma organização privada de pesquisa. Quando eles uniram forças, aquela equipe de pesquisadores mudou literalmente o mundo.
Sabíamos que os manuais escolares iam ter que mudar.
Em uma série de experimentos no final dos anos 70, Sharp e Roberts mostraram que nem todo o código nos genes dos adenovírus é útil. Alguns estão apenas lá, ocupando espaço sem um propósito real. Ele passou a ser chamado de "DNA de lixo". Ao descrever a presença destes dois tipos de código, os cientistas disseram que os genes estavam "divididos".
"Sabíamos que os livros didáticos teriam que mudar, já que era uma visão de biologia que mudava o jogo", ri Sharp, professor do instituto no MIT. "Mas nós não sabíamos bem o que iria acontecer a seguir".
Isso acabou sendo a descoberta de outro processo genético inteiro". Sharp e Roberts aprenderam que o corpo apaga o "DNA da sucata". O que fica para trás é combinado - ou unido - para dar a suas células as informações de que precisam para fazer seu trabalho.
Um corte e cola biológico, se você quiser.
Mas como esse conhecimento ajuda a combater doenças? Essa resposta ainda estava a alguns anos de distância.
O Poder da Emenda
Quando a emenda foi descoberta, ninguém conseguia entender bem o processo. Os cientistas precisavam descobrir uma maneira de reproduzi-la em um laboratório para que pudessem estudá-la mais de perto.
Foi então que um jovem graduado da Universidade de Columbia foi trabalhar.
"Fiquei fascinado com ele, pois era a fronteira", diz Adrian Krainer, PhD.
Demorou 7 anos, mas Krainer descobriu uma maneira de repetir o processo em um laboratório. Agora, como resultado de seu trabalho, sabemos que algumas doenças hereditárias estão relacionadas a problemas no processo de emenda. O melhor exemplo é a talassemia, um tipo de anemia. Uma terapia genética para ela está sendo testada agora.
Sua recompensa por esta descoberta? Um trabalho com Roberts em Cold Spring Harbor, onde Krainer tem estado desde então.
"Rich Roberts foi meu mentor", diz Krainer, agora professor de genética molecular da Fundação St. Giles em Cold Spring Harbor.
O foco de Krainer nestes dias é uma doença devastadora chamada atrofia muscular espinhal, ou SMA. Ela afeta os nervos que controlam os músculos e o movimento. Acredita-se que a doença seja causada, sim, por problemas de emenda de genes.
Os primeiros estudos têm sido promissores, e agora Krainer e outros pesquisadores estão testando uma droga que poderia corrigir esses problemas.
"Adrian [Krainer] tem sido um grande líder na ciência, bem como na tradução dessa ciência para o possível tratamento ... para esta doença horrível", diz Sharp.
"É humilhante e gratificante saber que o trabalho que começamos continua desta maneira".
Está longe do fim
Em 1993, Sharp e Roberts receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina por suas descobertas sobre genes divididos.
"Estamos fazendo hoje coisas que não eram sequer possíveis em 1977", diz Sharp, que co-fundou a empresa de biotecnologia Biogen (agora chamada Biogen Idec) e a empresa de terapêutica em estágio inicial Alnylam Pharmaceuticals. "E a única maneira de não progredirmos é se nos virarmos contra o progresso e aceitarmos o status quo". Acho que isso nunca vai acontecer".
Sharp está bastante convencido de que se ele e Roberts não tivessem descoberto genes divididos em 1977, alguns outros laboratórios teriam preferido fazê-lo rapidamente.
"O campo estava pronto para a descoberta", ele ri. "Dentro de meses após nossa descoberta, em todos os lugares aonde eu fui as pessoas sabiam disso, mas estavam me contando sobre outros genes que eram segmentados e depois expressos por emendas de RNA.
"Eu me senti um pouco obsoleto, mas essa é a natureza da ciência". Está sempre avançando".